Wednesday, January 18, 2006

Aura em coma

Procuro-te mas não te encontro. Subitamente fugiste desse lugar que já habitaste tão dentro de ti. Seguramente estás a hibernar, porque as auras não se hipotecam, nem se colocam no prego. Não te desfizeste da tua. Ela vagueia por aí adormecida, à espera de ser inebriada.Não sei o que aconteceu. Nem sei há quanto tempo estou em coma. Sei que nesta dormência auto-infligida ou socialmente despertada, tenho tido alguns sonhos. Tu vagueias insistentemente por eles. Com uma nota mágica de brilho. Com sapatos bicudos e mãos trémulas, mas confiantes. Olhas e ris com a timidez dos petizes. E eu procuro em ti as respostas. Não as tens. Mas tens a sabedoria de me dar pistas para o caminho. As amigas podem o que podem. O trabalho anda e gira e torna a girar para me enlear mais em burocracia e papel e queixas e edemas que eu tento sarar. Mas o coma permite-me ouvir-me a chorar de saudades da Luz. Do sorriso da alegria.Ao longe vejo junto às luzes brancas os amigos. As velhas paixões fossilizadas em amizades duradouras que ficarão por anos. Tu és um mamute de conhecimentos, o líder nato que me atraíu para tropeçar nos meus escrúpulos. Que me atrai para ser ainda a réstea de sexy que sei ser.Tenho a cara desbotada e manchada de borbulhas. O ego subtrai-se da fotos bonitas e ajoelha-se aos meus pés cansados da longa caminhada em coma. Sou uma múmia, mas já fui uma feiticeira de papel que nasceu para lamentar paixões que ficaram à distância de um "se" para serem consumadas. Brindei nesta noite do ano com a amiga de todas as alegrias e de todas as mudanças. O coma estava lá, ainda nem recuperei dele. Mas lentamente, devagarinho, vou erguendo a alma desde jazigo de pedra fria em que me depositei. Saudades das minhas letras, do calor bom que emana desta página difusa onde a minha luz se espraiou por três meses. Todos se foram. Será que só eu acordei do meu coma neste hospital das fotos e das letras? Verdades que se buscam em dias nublados e frios de Inverno. Procuro outra alma igual a mim. Adormecida ou acordada que me faça a mim despertar e tomar um duche frio de Vida. E que me aqueça depois num abraço gostoso de eternidade. Saudades de escrever. Saudades de Mim. De Olhar para Trás mesmo quando tenho de seguir para a frente. Mas às vezes é preciso. Para perceber onde estou. Para onde vou. Como lá chego. E o que faço entretanto. Para já durmo e sonho com coisas bonitas. Com anjos de branco, em cavalos alados que estão nos antípodas de mim e do Mundo; com Pontes que eternizam o meu vaivém constante, com amigos e beijos de ternura, com afectos e positivismos que me resgatarão deste coma para uma vida que será sempre Plena.Vai correr tudo bem. E eu sei disso. Olho para trás. Mas já estou a acordar. E a seguir sigo em frente. Olho para o chão e vejo duas sombras. Eu. E a minha Aura.

Tuesday, January 10, 2006

Magia

... O que fazer quando alguém transpira magia? Oferecemos-lhe um desodorizante? Ou ficamos a cheirar?

Monday, January 09, 2006

Que horas são em Xangai?

«Fui a um clube hoje dancar.. e lembrei-me de ti.. achei que devias gostar daquele house. a musica tava boa.. diverti.me... mas sei que se estivesses ali me teria divertido mais.. procuro-te na multidao flashante da pista de danca, nas caras que se riem a minha volta. Mas nenhum sorriso e tao genuino como o teu.. nenhuns olhos sao tao doces e transparentes como os teus. Sinto falta dessa timidez surpreendente que vestias por baixo de um casaco elegante e dos teus sapatos bicudos. Imagino-te de t-shirt branca, cabelo a tapar os olhos e a afagar-te a testa macia. As maos miudas e o ar confiante. de quem se conhece. De quem sabe para onde vai. E sinto falta da voz. Da envolvencia. Es uma pessoa macia, como veludo. Quente e suave. E escrevo-te nesta janela do site em que todos são amigos, so para contemplar a tua imagem, imaginando que olhas para mim e velas por mim, pelo meu sono, como na primeira noite deste ano. Doce Marcio: o meu relogio tem dois horarios: hora de Lisboa e hora de Shanghai.. e penso em ti a todas elas. 24 vezes por dia. ...Acho que sinto a tua falta... »

Sunday, January 08, 2006

Nostalgia Domingueira

Quase meia noite... a segunda-feira, esse inevitável começo de semana de trabalho, de dores de cabeça, de berbicachos, de tudo, está quase a começar... e eu estou aqui, agrafada ao sofá, a passear os olhos por sites e sentires, por estórias e fotos... à procura... à procura de quê? Nem sei..

Televisão avariada, paredes vazias de sons... e eu aqui.. na companhia do meu Media Player.. agora trocado pelo último CD dos Corrs... Ninguém de jeito no MSN.. que o mesmo é dizer que todos estão ausentes ou ocupados (estarão mesmo assim todos tão ocupados??)

Será que só eu sofro deste rato que rói a alma aos Domingos? Procuro mais uma vez em vão uma mensagem tua na minha mail box.. parece que na China, a Internet está a falhar (ora aí estava uma oportunidade de negócio para a Netcabo...) Tento o Skipe, mas nunca estás conectado... E o meu vazio adensa-se.. Mando uma mensagem.. para a melhor amiga.. será que já dorme? Pois... o marido está lá e deve encher o vazio.. aquela casa é habitada.. por dois gatos e um cão... e por duas pessoas que se amam... a minha é habitada por loiça suja e camas por fazer... os restos do jantar ainda jazem ao meu lado...

Estou ainda por aqui... a ver se alguém aparece... se a nostalgia se vai embora.. mas ela teima em ficar... Fazer o quê? Esperar por segunda-feira...? Também já falta pouco... O relógio já marca 23:55. E lavar a loiça?... sim... isso parece-me boa ideia!

Saudades...

Que saudades tuas... Afinal não me deixaste à espera.. Fomos vítimas de um lamentável desencontro tecnológico. Daqueles que parecem feitos de encomenda para quem necessita desesperadamente de uma desculpa esfarrapada... Se fosse ao contrário eu não acreditava.. Mas foi comigo e foi verdade: o telefone não tocava, as mensagens não encontravam destinatário... Só encontraram... de manhã.. já tu tinhas voado para longe...

Às 7 da manhã acordo triste, depois de ter sucumbido ao sono que me apagou a agonia da espera. Fiquei sem bateria e só quando liguei de novo o telefone ouvi a tua voz de emigrante que já acusa sotaques de diferentes continentes e de outras realidades, meio alegre ainda esperançosa de me encontrar. A mensagem tinha sido deixada à meia noite. Precisamente à hora que pus o nosso chá ao lume... Já eu dormia quando tu acordaste para seguir para o aeroporto. Numa sms dizias da tua pena em não me ver. E achavas que eu te tinha evitado (eu?? que não consegui dormir quase de excitação?)

Saí a correr de casa e passei pela tua. O carro estava à porta. A janela do quarto aberta. Será que já tinhas ido? A senhora do café confirmou. Tinhas ido de madrugada. E eu fiquei de encomenda na mão, a chorar por dentro a minha sorte. Ou a falta dela.

Falámos pouco depois. Com roaming pelo meio. Desculpas de um lado e de outro. Penas confessadas entre Amsterdão e Lisboa. De pouco nos valem. Mas sabemos que as recordações estão guardadas nos nossos corações. As palavras de honestidade são só nossas e os olhares não se desencontram (felizmente!) nas memórias...

Recordarei até ao nosso Regresso os teus olhos doces. As palavras susurradas. O mail que já li na tua chegada à Terra dos Olhos em Bico. Encheste-me os olhos de lágrimas. Também me prendes ao écran. Olhos enevoados e peito nublado. De Comoção. De ardor.

E no limiar destas saudades pergunto-me porque está a única pessoa que conheci em 2005, tão sincera e emocional como eu, exactamente num extremo do Mundo oposto a mim.. Sabes o que me dá vontade? Agarrar nas minhas férias deste ano e na tua agenda e entregar-ta em mãos. Juntamente com o meu coração. Sem bilhetes. Nem mais explicações.

Monday, January 02, 2006

You Stood me up..


Voltas amanhã para Xangai. Sabia de antemão. Que esse era o preço a pagar por momentos de extrema magia e embevecimento. Que não durariam muito. Mas que são mágicos enquanto os sinto nas pontas dos dedos, nos restos de óleo que ainda sinto a queimar-me as costas de prazer...

Mas queria despedir-me ti. Um último aceno de cabeças. Um último olhar. Uma despedida selada com um último beijo. Mas pelos vistos a tua ronda às capelinhas para a despedida não incluíu a minha casa. E assim sinto-me uma menina pobre, a quem o Pai Natal se esqueceu de descer pela chaminé para deixar a sua boneca...

A única diferença é que quem ia receber o presente hoje eras tu. Comprei-te uma agenda. Para não te esqueceres de mim. Para marcar este ano que se iniciou tão bem. 2006. O meu ano! A agenda é sobre a lomografia; é muito gira (cheia de fotos, que tu tantos gostas de fotografia...). Coloquei lá uma minha, em pose "sexsee"a preto e branco. E escrevi na parte de contactos o meu número de telemóvel e a minha morada. Para me mandares um postal. Para me bateres um dia à porta a reivindicar um chá. Sei lá, para quê...

"What if".. disseste-me tu no outro dia... "E se" de repente, não tivéssemos um continente a separar-nos e se a distância se sumisse, e se tu fosses de novo meu colega, meu vizinho... seria tudo igual? Existia magia? Era comigo que encontravas a estabilidade que tanto ambicionas? A mulher que procuras para ti...?

Porque não vieste? O chá estava à tua espera. Já está frio. As velas estão a areder ainda e os Zero7 entoam a nossa canção de Destino. "When i'm down u bring light into me... /and no i'm not surprised: we are each others destiny..." Havera refrão que caracterize melhor o que é uma estória de amor... "I'll fly away..." canta ela...

Amanhã estarás também a voar para longe. "Flying home".. de volta para o outro lado do mundo. O telemóvel esse já está morto. Não dá qualquer sinal. As sms vêm para trás. As chamadas rejeitadas... e eu fui rejeitada também. Eu e a minha agenda. E o postal que escrevi especialmente para ti. E a minha foto.. (comprei tudo com tanto carinho...)

Deixaste-me à espera. Será que não gostas despedidas? Ou não te quiseste foi despedir de mim?

2 e meia.. Não vieste. Vou arrumar o bule que diz "Nous Deux" e beber um último trago do meu (já frio da espera) famoso chá de caramelo... E a agenda? Fico com ela para mim? Envio-te uma encomenda postal para a China (ah.. mas nem sequer sei a tua morada...)

Entretanto os pensamentos fluem e vêm-me à cabeça respostas dadas em dias especiais...
Será que nos voltaremos a ver? "Time will hopefully tell"

Se estou triste? Não....

"São estas coisas doces que nos acontecem que nos fazem sentir vivos. Apesar de todas as complicações que possam existir a vida é assim mesmo... Linda!"

foto by Marcito

Sunday, January 01, 2006

Feliz, feliz, feliz!!

De braços abertos para a Vida. Para o Novo Ano.

Às vezes é preciso tão pouco para sermos felizes. Basta a maneira certa de olhar. O estado de espírito inocente e descontraído das crianças para receber as coisas que vão surgindo. E que às vezes a revolta e a mágoa nos impedem de ver.

Bastou o jantar soberbamente simples da minha mãe, as fotos lindas que me tirou, a mensagem hilariante mesmo à meia noite que me fez entrar no ano a rir, o brinde com os meus pais... Impossível ser mais simples, mais calmo, mas ao mesmo tempo mais interactivo que isto. Estivémos tão próximos ontem. E tu mãe disseste que gostas de mim... e essas palavras saem tão poucas vezes da tua boca. Mas eu sei que gostas muito. E que o pensas todas as vezes.

E depois o sair. O senhor da bomba de gasolina. Ainda tão simpático a desejar bom ano. A perguntar como tinha sido a minha passagem de ano. A interessar-se. Verdadeiramente...

E depois as miúdas. A discoteca da cidadezinha. cheia de miúdos, mas de vida também. E dancei, e rodopiei... como se não houvesse amanhã. Como se o amanhã fosse hoje. Porque tudo o que temos é este instante...

Arranquei-te ao calor dos teus cobertores e puxei-te para o calor dos meus passos de dança. Não te recusaste. Não foi preciso insistir muito. E no meio daquelas músicas nem sempre grande coisa, nem sempre estimulantes ("é tudo uma questã de vodka"), eras um anjo de branco a dançar, a rir, a viver.. Feliz, feliz, feliz!!

Trouxe-te cá acima para um chá. Manta sobre as pernas, termoventilador a apontar para os pés doridos da dança de novo ano. Olhos a acusarem uma maquilhagem esborratada e as velas a iluminarem duas almas de sonho.

Ficaste a aconchegar-me. A ver-me a dormir. A melhor memória que levas de mim? "Estar aqui deitado contigo". Preciso dizer que nesse ínfimo instante me amaste melhor que todos os meus amantes de 2005?

Feliz, feliz, feliz!! Acordei assim a pensar que tinha sonhado. Um anjo bateu as asas esta manhã na minha casa. E o ano não podia ter começado melhor...