Saturday, February 25, 2006

Quanto de nós?

Quanto de nós está nos outros? Nas acções dos Outros em relação a nós? Somos nós que as potenciamos? as Acções dos Outros? Somos nós que as despoletamos? Ou somos nós que as conduzimos?Pergunto-me não raras vezes, a maioria das quais quando sou magoada, se fui eu que deixei que aquilo acontecesse. A maioria das vezes penso que sim. Recuso-me a aceitar que as coisas podem acontecer fora do meu alcance. Mas se também sou eu que levo um conjunto de situações a decorrerem de determinada forma, e se essa forma é a mesma que me magoa e torce por dentro, então isso só pode querer dizer que eu sou masoquista. Que gosto de apostar para perder. Que o faço consciente e deliberadamente.Quanto de nós está nas acções dos Outros para connosco? Quanto de nós o pode evitar, recusar ou impedir? Quanto de nós é responsável pelo que nos acontece ou deixamos acontecer? Prefiro achar que Tudo. Que somos nós os infinitos e absolutos criadores de tudo o que os Outros nos oferecem ou nos tiram. E assim sendo, ofereço a outra face. Porque eu quando aposto, aposto forte. Se perder... Perdi. A vida é assim.

Missão Recusada

Afinal não eras o Tom Cruise....

Tuesday, February 21, 2006

Missão Impossível

Hoje tivémos uma conversa daquelas. Terá sido a nossa primeira questiúncula?... A nossa primeira discussão? Hmmm... não me parece. Até porque saí dali a gostar mais de ti. Ainda me ri pelo meio...

A expectativa aumentava à medida que se aproximava a hora de te ver. Chegaste e tudo me fazia crer que iamos cumprir conforme o estipulado. Iamos sair juntos dali. E rumávamos à minha casa. Para simplesmente... estarmos. Sem nada se passar. Só para dormirmos juntos....

Mas uma súbita alteração de planos na tua agenda fazia-te acordar mais cedo e achaste por bem cancelar o nosso rendez-vous. Eu entendi isso como um gorar das minhas expectativas. Como um defraude. Depois de tantas cartas que se desmoronaram na nossa vida, basta que uma fuja do baralho para ficarmos de pé atrás com o ilusionista. Confrontei-te. Contei-te que odeio que me levem a acreditar em coisas que não se realizam.

Percebo que em situações normais qualquer pessoa o faria. Mas eu ainda não sei se foi pura inocência da tua parte ou manifesta falta de vontade de fazer um esforço para estar comigo.

Mal olhei para ti. Porque se olhasse, aquele ar embevecido daria lugar a um olhar de amante ferida com a desilusão de ser preterida. Por isso nem ergui os olhos para ti. Para não nos denunciar. Os outros passavam e estranhavam a nossa acesa e improvável conversa. Será que desconfiam? Por isso nem olhei a direito para ti. Porque se olhar, não me desvio mais desse corredor verde transparente que me suga. Que me implora que mime aquela criança tão ávida de carinho e mimos.

Também eu tenho medo. E inseguranças. A mulher não é mais forte que o menino. Nem mais conhecedora. Nestas coisas estou sempre na Casa Partida. Tão frágil como a flor que decide num minuto da madrugada se desabrocha ou se murcha...

Gosto de ti. Meu menino. Meu homem em potência. Minha súbita paixão. Queres ficar comigo?
Aviso já que tenho mau feitio, sou possessiva e ciumenta, vaidosa até dizer chega, sofro de escoliose e tenho uma inevitável queda para me atrasar. Achas que me aguentas?

Se aceitares esta Missão Impossível, prometo que a minha cassete jamais se autodestruirá.

Monday, February 20, 2006

I can't take my mind of you

Esperei o dia todo por aquele momento. "És corajosa", disse-me uma amiga quando a deixei à porta do café de sempre, dos nossos lanches-ajantarados de Domingo, perto das 21h. Para ela, sair àquela hora para rumar a Lisboa, debaixo de relâmpagos esporádicos e chuva constante era de mulher. Ou de louca. Ou de apaixonada (que é a junção das duas). Ela não o disse. Mas sei que pensou.

Sem lhe dar razão, mas sem a contrariar, pus prego a fundo rumo a esse local tão nosso, onde nos encontramos todos os dias, onde sempre nos encontrávamos, mesmo quando nem sabíamos que algum dia nos haviamos de falar. O teu atraso (para variar e contrariar a minha absoluta falta de queda para a pontualidade) levou-me a passar na bomba de gasolina para te comprar um chocolate. Pouco ostensivo, mas suficientemente doce para perceberes que te acho um amor...

Não havia Bacci e por isso contentei-me com uma pequenina caixa de Guillian. Que depois coloquei estrategicamente no teu assento do carro mesmo antes de entrares e de te sentares.

Apanhaste-me para me levares ao teu bar preferido. "Cosy" nas palavras de uma amiga minha das serranias de Sintra. Torceste a cara à expressão. Querias que os meus olhos vissem aquilo que o meu coração sentia e não o que tinha ouvido de alguém. Mas fica sabendo que todo o passeio até lá tornou esta viagem inesquecível. A amiga Ivete cantava para nós, músicas que nos lembram outros idílios, mas que, sei eu, e espero que saibas também, vão assumir novos arranjos para a nossa banda sonora.

O tour por Sintra, valeu-me lágrimas nos Olhos. Enquanto ela cantava "Sei que você gosta de brincar de Amores... mas comigo não.." lembrei-me de quem brincou com os meus sentimentos e, por inevitabilidade, comparei com a tua extremosa forma de planeares passeios mais românticos comigo por aqueles bosques e praias, por palácios centenários e vales sem idade. E chorei. Porque há muito que ninguém me conduzia assim. Que ninguém me propunha tão bonitos passeios e momentos de descoberta. E mesmo que não se realizem, só de imaginar que possas ter tido vontade de me levar... isso já me encheu o coração.

Chegámos ao moinho onde gatos preguiçavam indolentes ao calor da lareira e dos aquecedores a gás. Comemos tostas e bebemos sumos. Trocámos beijos e festas em peles que queremos conhecer de cor. Imaginei o mar ao fundo, naquela escuridão que tocava o horizonte do meu olhar. Senti a água que brotava da fonte e quis perder-me naquela memória, para a reencontrar contigo, novamente... quem sabe num dia, de dia, para ver aquele teu amado mar... naquela esplanada que só pode ser linda....

Entre histórias e beijos, rumámos ao Guincho onde, debaixo de um céu de estrelas, nos esgueirámos para o banco de trás (já não tenho idade para estas coisas...) e nos amámos com toda a vontade de quem deseja um corpo e, mais do que isso, o sentimento que o habita. És intenso, jovial e fresco. És sexy e saboroso. Fresco como a espuma das ondas que o vento arrastava até ao embaciado vidro do carro, como o fenómeno da neve de um fim-de-semana passado.

Corpos nus sobre o assento. Quentes. Satisfeitos. Sorrisos primeiro. Ar grave depois. Aquela expessão séria que pomos quando gostamos das coisas. E quando não se consegue descolar o olhar de um par de olhos. Quando... não se consegue deixar de pensar numa pessoa.

Voltámos pela marginal. Linda como só ela. Cascais com a sua muralha iluminada... o mar sempre de atalaia ao nosso lado. Percebi que não dizes os "L"s e isso foi motivo de uma paródia. És a força mais hilariante que conheci nos últimos tempos. E fazes-me rir de uma forma doce e infantil. És engraçado como poucos. Tens Alma. És festa. Ris e fazes rir.

No fundo animas-me. Porque me atrais. Porque me excitas. E porque me fazes rir. Uma lufada de ar fresco. Um bocado de algodão doce. Leve e saboroso. É isso que tu és.

E por isso, só por isso... I Can't take my mind of you.

Saturday, February 18, 2006

You and me

Os clichés são recorrentes na vida. "Quando menos esperares... as coisas acontecem"; "Pode estar ao teu lado e não estares a ver"...

Já ouvi estas frases, dezenas de vezes. De gastas que estão deixam de produzir sentido na minha cabeça. O sentido só surge quando se aterra de pára-quedas num destes clichés. Tu fizeste-me abrir o para-quedas. Aliás, depois de uma semana em queda livre.

Colegas que nunca tinham trocado mais do que meia dúzia de bons-dias e uma conversa azeda onde tive de fazer valer o meu lugar na hierarquia. Pareceste-me um miúdo. Tão imaturo profissionalmente quanto inocente e honesto. O suficiente para admitir o que qualquer outra pessoa negaria.

Era difícil não te ver passar nos corredores. Uma cara de miúdo, uns olhos sorridentes. Um ar discreto, mas com um brilho que sobressaía ligeiramente. Sentia-me tão invisível aos teus olhos quanto aos dos outros. Mas no teu caso não me era indiferente a tua indiferença. Só mais uma na estrutura, pensava eu que tu pensavas. Até que um convite desse site de amigos me alertou para o facto de ter despertado a tua atenção. Uma troca agradável de palavras fez-me vibrar por perceber que era fácil conquistar a tua inocente e amigável forma de ser. Eu que carregava o estigma de ser rude e implacável no escritório.

Fomos sair e depois de um café, muita conversa ao som de jazz, no meu local preferido, de marulhares de rio e pontes luminosas, perguntei-te o que fazias quando estás interessado em alguém que sentes que está interessado em ti.

Beijaste-me como resposta. E eu recuei. O meu recuo incitou-te. Senti-o. Contaste-mo (coisa da psique masculina que gosta da luta e da reserva na entrega incondicional). Beijámo-nos com a sofreguidão das bocas que já se conhecem. Com a ternura de quem já se amou alguma vez na vida. E essa ternura foi aumentando, à medida que temos escondido o segredo dos outros. No dia em que os outros namoravam tu vieste a minha casa amar-me. A noite toda. Conhecer o meu corpo. Emprestar-me o teu. E sentimos a compatibilidade. A que eu não conhecia há muito. Pelo meio ficou um jantar, um cinema. Coisas que há muito ninguém queria partilhar comigo. Tu sim. Aceitaste.

Acho que disfarçamos mal o desejo. Os olhares traem-nos e alegria que transbordamos serve de claro indício aos outros...

Friday, February 10, 2006

Happy Birthday

Sou acordada pela melhor amiga às 9h, interrompendo assim um magnífico sonho em que o Engenheiro que fez a minha casa me pedia em casamento. Com alguma pena o telemóvel interrompeu aquele idílico enlace (mas ainda bem... se não o Vlad tornava-se bígamo e era uma chatice para a pequenina dele ter duas mães);

A hora do despertar não podia ter sido melhor, já que àquela altura eu ainda não tinha "nascido". Nasci numa 6ª feira chuvosa, por volta das 9:25, há 27 anos atrás. Por isso, tudo corria como previsto. Depois de ver os parabéns selados em email e mensagens de hi5, tentei tomar banho em vão. Foram precisas duas horas, para conseguir largar o MSN e o telemóvel.

Depois do banho, desci calmamente até ao meu café preferido, que fica por baixo da minha casa e comi o meu croissant preferido (só mesmo porque era dia de festa); e rumei até à casa dos papás, onde me esperavam sacos e saquinhos de presentes, dinheiro e um almoço maravilhoso (até sumo de laranja natural...)

Levei a minha mãe ao cinema (ou melhor, ela é que me foi fazer companhia) e pelo atraso perdemos o BrokeBack Mountain (para alegria dela) e fomos ver uma comédia light, romântica q.b. sobre a descoberta do Eu e das origens, que dá pelo nome de "Rumor as it". O filme foi giríssimo e saímos de lá as duas com um enorme sorriso a voar até casa, para eu me vestir de noite e ir ter com os "poucos" mas bons amigos que acederam a vir ao meu jantar.

Escolhi um Tailandês excelente naquele ambiente calmo e giríssimo dos prédios Alcântara-Rio. Comi um gigantesco Pad Thai e tirei milhentas fotos com uma coroa de Rainha Tailandesa na cabeça. Dali, a rainha, e as suas damas de honor rumaram até ao Alcantara Café para um copo (conta de 33 € que até me doeu no coração) e, dispersado o grupo, as resistentes aniversariante e serviço despertar do início da manhã foram mostrar como se dança hip hop no ART. O ambiente estava explosivo e sentia-se uma energia no ar. A festa Sexy Thing tinha despertado nos presentes uma grande lascívia, porque a determinado momento, um pseudo-modelo (até conhecido da publicidade) passou por mim, agarrou-me e deu-me um beijo na boca: "Happy Birtday", disse ele. "Não sou a Marilyn, mas Happy Birthday"... Agarrei-o por um braço e perguntei que raio era aquilo. Só não lhe dei uma bofetada porque ele estava com um amigo meu. Senti-me humilhada, como se aquele senhor que desfila nas passarelas, de repente sentisse que tinha de presentear a baixinha de 1,61 cm com um beijinho de parabéns. Aliás, fiquei furiosa!! Imaginando que estava ali um namorado, um "amigo" meu.. como se resolvia aquele conflito diplomático?

Mas continuei a dançar.. as atitudes infantis ficam com quem as pratica e eu fiquei de cabeça no ar a dançar o meu hip hop e a ver «o desfile» de caras bonitas. Vi caras que me são familiares dos Photoblogs e que de repente se materializaram para mim, em corpos de carne e osso, assumindo as 3 dimensões que as fotos não pemitem.

Fui bebendo, rindo, dançando e sentindo um ou outro olhar cair sobre mim. Os parabéns surgiram neste dia dos cantos mais inesperados e das pessoas que menos esperaria.

E terminei a noite ao som de Let me Love You (a minha música, a nossa música) do Mario, docemente a convidar-nos para sair com estilo daquele Art.

Adorei o dia... Será um presságio de que está aí um grande ano?

Monday, February 06, 2006

Somebody to love

Saio com um passo seguro de quem sabe para onde vai. Desço pelo elevador, quase sempre sozinha, para ouvir os meus passos a ecoarem, em seguida, no parque de estacionamento. À hora que saio é fácil identificar o meu carro naquele parque já vazio. E num gesto automático entro, pouso a mala, o saco, e levo o carro para mais perto do elevador que dá acesso ao centro comercial e aos cinemas. Nem chego a pôr o cinto. Nem chego a sair do parque. O lugar onde estaciono é sempre o mesmo. Retoco o baton do cieiro e ajeito o cabelo no espelho da pala do carro. Saio e, invariavelmente, escorrego numa poça de óleo que algum carro sempre derrama no pavimento brilhante. Chamo o elevador e subo. Tempo só de escolher timidamente o filme na bilheteira, onde o cartão me paga a entrada hoje, e amanhã, e depois, sempre sem pagar.

Tempo para umas pipocas ou para um cachorro, quando não jantei. Começo a gostar destes meus novos hábitos. Não jantar. Petiscar qualquer coisa. Não ir a correr para casa. Mas entrar neste mecânico arrastar-me para uma sala de cinema. SOZINHA. Pois claro...

Entro na sala já às escuras. Para que no escuro não percebam que sou eu. Só eu. Escolho um lugar da lateral. Solitário. E sento ao meu lado as pipocas ou a garrafa, ou o copo de sumo. As apresentações já acabaram e agora posso refugiar-me na minha cadeira sem que ninguém me julgue por estar ali sozinha ("Não tem amigos? coitada... " "Não tem namorado" "Ou será apenas uma grande amante de cinema?") Ou será que sou eu que me debato com estas conjecturas sobre mim?? Talvez seja um misto dos três...

O filme termina e a presso-me a descer. O fime de hoje? "Jarhead". Um retrato de um conjunto de homens talhados para uma coisa e uma só (confrontar e matar o inimigo) e cujas expectativas redundam em frustração, porquanto são gorados os seus obejectivos. Abandonam uma guerra que idealizaram e que nunca se concretizou para eles.

Saio da sala com o mesmo gesto mecânico com que entrei. Nem triste, nem alegre. Simplesmente em passo rápido e automáticoEntro no carro, saio do parque e penso no cd que tenho no porta-luvas. O Unplugged do George Michael. Penso numa música específica. Ligo o rádio e eis que as ondas coincidem com os meus desejos. "Can anybody find me somebody to love?..." Sinto-me meio Jake Gillenhall, ainda no meio do deserto, apesar de já lá não estar e penso que nunca mais encontro alguém para ir comigo ao cinema.

Friday, February 03, 2006

Grito de silêncio

Lisboa está coberta por um véu de luz que me crispa o olhar triste conduzido pelas estradas escuras do meu caminho. Regresso de um dia de solitária labuta, de solitário cinema para a minha casa vazia, sem televisão, sem sons, sem nada...
"Orgulho e Preconceito" encheu-me o coração vazio. Aqueceu-me a alma como a minha botija de água quente me aquece o peito à noite quando a abraço. Quem me dera ter um Mr. Darcy a amar-me em segredo, à distância, escondido atrás da sua altivez e que me arrebatasse de paixão quando eu menos esperasse. Mas desconfio bem que os Mr. Darcys de hoje, homens de elevado raciocínio intelectual e de gostos exigentes e ou estão todos casados ou todos noutros países do mundo. Em Lisboa não vejo um único. Um único que me mereça atenção ou enlevo.
Ninguém me entusiasma ou aquece o meu intelecto. Ninguém me estimula ou me desafia para uma aventura de riscos calculados ou de quentes perseguições.
Vida simples e caseira. Casa-Trabalho. Cinema (alone). Jantares com amigas. Tabalho. Me. Me. Me. Ninguém ao redor. Nem nas imediações.
Grito em silêncio esta solidão imposta. Não foi escolhida. Apareceu por exclusão de partes.