Tuesday, December 27, 2005

Vazio

Extremo. Asfixiante. Inerciante. Não consigo falar. Estou num coma que só me deixa movimentar os dedos. A loiça da Consoada ainda jaz na cozinha à espera de conhecer um duche, assim como os meus cabelos, a minha pele. Não há vontade. Não há energia.

Estou assim. A ver as minhas férias a passar como quem olha os grãos de areia a escapar-se de um recipiente da ampulheta para outro.

Não quero falar com ninguém. Não quero ver dvd's contigo Bruno e fazer as pazes. Um estúpido insensível e mimado como tu, que nunca teve o mínimo de consideração por mim. Nem contigo Zé. Ofereces-me sinceridade. É só isso que tens para mim? Não quero a tua sinceridade pífia, que não traz mais nada ligada a ela. Podias ter sido sincero e teres dito que só me querias comer. Não tinhas sido mais sincero assim? E poupavas-nos mais equívocos...

Profundo silêncio habita a minha casa. Cheia de tarefas por cumprir. Cheia de tpc's. Trazer trabalho para casa dá nisto. Já estou deprimida o suficiente quando o tenho de fazer lá. Como me quis enganar ao ponto de achar que ia fazer alguma coisa aqui?

Agonia. Não consigo desviar esta estranguladora agonia de mim. Mandaste-me um sms. Tu que me sugste toda a pureza que me restava. Porque te lembraste de mim no Natal? Já te esqueci. Só queria que não me tivesses deixado este presente envenenado. Depois de ti nunca mais fui a mesma. Nunca mais fui doce e apaixonada. Naquele registo puro e doce... Nunca mais. Acho que perdi essa capacidade. Esfrangalhaste com toda a tua obsessão e desequilíbrios a melhor parte de mim. A Menina. Essa perdeu-se.

Agora sou uma ilha. Afastada. Remota. Ninguém chega perto. Alguns avistam-me. Cobiçam-me. Mas ninguém toma a iniciativa de navegar até mim. Demasiado complicado. Demasiado moroso. E custa. Ninguém gosta de coisas que custam...

Nem eu. Custa-me estar assim. Mas não consigo sentir mais nada. Estou apática. Amordaçada. Insensível ao que me rodeia. Ou talvez demasiado acordada para o que se passa em meu redor. Desisiti de me expor no outro blog. Ainda arranjaria problemas. Se me vissem assim no trabalho achar-me-iam louca. Talvez seja mesmo...

Só queria ser salva. De mim. Desta modo de auto-destruição que se iniciou não sei bem quando. Foi um ano estranho. Onde tentei encontrar o amor em vielas e becos escuros. Claro que só encontrei desamor e desencontro. O Amor é Luz, ou deve ser. Estou neste momento à beira da escuridão. Sem ninguém que me alumie. Sem direcções. Perdida e sofrida. Silente e só.

Quem me SALVA?

2 Comments:

Blogger L.G. said...

Sei bem o que é viver nesse estado de misantropia. Força! Apoia-te nos amigos. Resultou comigo. Bom Ano Novo!

9:56 AM  
Blogger André Parente said...

Salva-te a ti própria, não esperes pelos outros.

2:54 AM  

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