Thursday, December 29, 2005

Mudanças

A Ajuda às vezes vem de onde menos se espera. Há muito que tinha dado por encerradas as nossas conversações. Contigo Ana, que te afastaste de mim, crescendo noutra direcção, a outro ritmo. Nem sempre nos compreendemos e dizer que somos as melhores amigas faz sentido só pelo nosso background. Contigo Márcio, porque os mal-entendidos nos afastaram mais ainda do que a própria distância dos nossos longínquos continentes.

Mas foram justamente as vossas palavras que me fizeram acordar do meu estado de dormência e auto-comiseração. Primeiro tu, Ana, que me confrontaste com a dura realidade de quem vive o drama de um cancro na família e me soubeste dizer que TUDO tem solução. "Não gostas do que fazes: muda de emprego"; "Não tens namorado e eu sei que isso te aflige: não procures mais. Eu sei que é duro, mas não é por pensares nisso que vai aparecer alguém"; "Retira das outras pessoas a companhia para o que mais gostas"...

E depois de uma noite em que dormi e afastei o peso de todas as mágoas, fui encontrar-te no portão da nossa velha escola secundária. Sabia que vinhas cá passar o Natal. E não resistimos a conhecer o toque e a voz um do outro. Aqueles mails apaixonantes que trócámos e subitamente interrompemos foram instalar um vazio que tinha de ser cicatrizado assim. Com este encontro. Ao fim de 10 anos, depois de tantos olhares trocados naquele liceu, e de uma apaixonante relação virtual, finalmente trocámos uma palavra. Fizémos um gesto. Trocámos beijos.

E que homem magnífico te tornaste. Cosmopolita. Culto. Interessado. Positivo. Trouxeste-me uma mensagem de amizade. Teremos sido amigos antes? Noutra dimensão? Não sei. Sei que me entendeste como ninguém. Falámos, passeámos, rimos, comemos, discutimos assuntos vários e desembocámos na minha sala nesta conversa que me reabilitou para o mundo dos vivos. Como se fosses o meu espelho (guardo a tua imagem de braços no ar como se fossem uma moldura de um vidro que me reflectisse) enunciaste tudo o que tenho de bom. Tudo o que de bom me trouxe a vida. E deste-me todas as razões para eu viver tudo isso e para mudar o que gosto menos. Razões para fazer o contrário? Não há. "Tu simplesmente tens de fazer o que tens de fazer".

Dançámos ao som de Let me Love You como se fôssemos namorados de antigamente, como se o teu abraço estivesse estado sempre colado no meu corpo. Lembro que a música repetiu pelo menos duas vezes sem que nos conseguíssemos soltar. Uma madeixa de cabelo teimava em cair-te para a testa e os teus olhos na escuridão da minha sala (apenas iluminada com as estrelas natalícias) brilhavam para mim com uma lição de Felicidade.

Foste um anjo que caíu do céu. Do outro lado do mundo. Com Jet Lag. Com todos os motivos para estar a chorar tu vieste para me lembrar a importância de Viver e de ser Feliz. Obrigada!

Resoluções para 2006: Ser EU!

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